07/10/2015
Todos nós temos conhecimento que o desenvolvimento das engrenagens foi um marco para a história da nossa engenharia. Não é mesmo?
Por bem, a partir do surgimento destas pequenas (ou enormes) rodas dentadas, os humanos passaram a ser capazes de construir máquinas cada vez mais complexas. O grande trunfo deste mecanismo é que ele permite coordenar, de um jeito bem simplificado, diferentes processos que ocorrem ao mesmo tempo dentro de um dispositivo mecânico, e isso é apenas um exemplo.
O potencial das engrenagens é tão grande que elas são velhas conhecidas dos inventores – a esfera de Arquimedes, por exemplo, reproduzia os movimentos do universo através de engrenagens há mais de 2000 anos.
São elas que fazem um relógio de ponteiro funcionar, e foram elas que acabaram virando um símbolo de tudo o que remeta a fábricas ou indústrias. Charlie Chaplin captou essa essência como ninguém e a reproduziu com graça e brilhantismo em Tempos Modernos.
Mas poucos sabem que as engrenagens não são uma invenção do homem. Muito antes de nós, a natureza já havia “notado” a eficiência e a precisão que elas proporcionam – e, não à toa, a evolução acabou criando uma estrutura biológica que cumpre à risca o papel das engrenagens. A mesma lógica que funciona tão bem nas máquinas também é encontrada nas patas traseiras de um pequeno inseto do gênero Issus. O mecanismo não deve em nada àqueles encontrados nas bicicletas ou nas embreagens de carro.
Cada dente, por sua vez, é arredondado para absorver o choque e evitar que as partes se quebrem. O sistema garante total sincronia ao movimento das patas do bichano – elas sempre se movem dentro de 30 microssegundos uma da outra. Um microssegundo equivale a um milionésimo de segundo. Tamanha precisão é fundamental para a sobrevivência do inseto, já que seu meio de transporte, basicamente, se resume aos saltos poderosos que dá para se locomover. Durante o momento crítico da propulsão, qualquer discrepância na velocidade das patas, por menor que seja, seria o bastante para fazer com que o pequeno Issus perdesse o controle e saísse rodopiando por aí.
De acordo com o ponto de vista da seleção natural, ele viraria uma presa fácil para predadores, e provavelmente sua espécie acabaria sendo extinta. “Essa sincronia precisa seria impossível de ser atingida através de um sistema nervoso, pois os impulsos neurais levariam tempo demais para suprir a coordenação extrema que é exigida”, explicou Malcolm Burrows, do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge. O pesquisador liderou um estudo a respeito das engrenagens do inseto.
De acordo com Kottke e Revista Galileu